Por detrás da atual configuração do solar quinhentista da Honra de Barbosa poderá estar um dos mais antigos testemunhos de arquitetura militar medieval do nosso país, que a tradição diz resultar da construção de uma primitiva estrutura militar no século IX, e da qual não se identificaram até ao momento quaisquer vestígios. A primeira referência segura ao monumento data do século XII e do reinado de D. Afonso Henriques, quando a Terra de Penafiel estava na posse de D. Mem Moniz, irmão de D. Egas Moniz, nobre a quem é atribuída a construção de um paço fortificado no local, e a cujo genro, D. Sancho Nunes de Barbosa, se deve a alteração do topónimo.

Da torre românica não chegou até hoje qualquer testemunho material, substituída que foi por uma estrutura tardo-medieval, de planta quadrangular, data de meados do século XIV. As reformas levadas a cabo nos reinados de D.João I e de D. Manuel, completadas por intervenções posteriores nas áreas habitacionais, concederam-lhe a feição atual, de claro acento manuelino. A campanha quinhentista implicou, entre outras, alterações nas janelas do piso superior e a colocação das ameias chanfradas que rodeiam o edifício e das gárgulas de canhão dispostas nos seus ângulos. Mais tarde foi adossado um novo corpo a uma das faces laterais, por onde se faz a entrada principal, com escadaria paralela à fachada e patim alpendrado, que, juntamente com os restantes coprpos da época moderna, define um solar de planta em U integrando a torre.

O conjunto arquitetónico constitui um importante testemunho da génese e evolução da residência senhorial em Portugal a partir do século XII, tendo como modelo a Torre de Menagem castelã, e integrando-se no perfil tradicional da Honra medieval.

Localização
Freguesia de Rans, Lugar de Barbosa.

Classificação
Conjunto de .I.P., Portaria n.º 312/2014 de 14 de maio de 2014

Época
Medieval/Moderna

Observações
A classificação da Honra de Barbosa reflete os critérios constantes do artigo 17.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, relativos ao caráter matricial do bem, ao seu valor estático, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica e paisagística, à sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva, e à sua importância do ponto de vista da investigação histórica.

Bibliografia Relacionada
DOMINGUES, Ernesto – “Barbosas, Azevedos e Beato Inácio” – Penafiel, Boletim Municipal de Cultura, n. 2, Câmara Municipal de Penafiel, 1973;
AMARAL, Paulo e TEIXEIRA, Ricardo – “Elementos para a Carta Arqueológica de Penafiel” – Homenagem a Carlos Alberto Ferreira de Almeida, Actas I, Cadernos do Museu, n.º 2, Museu Municipal de Penafiel, 1998;
CARDOSO, Augusto-Pedro Lopes – “Honras e Coutos: o contributo do Livro do Milhão (A Honra de Barbosa e o Couto de Bustelo)” – Cadernos Vianenses, C.M. Viana do Castelo, 1998;
SANTOS, Maria José Ferreira dos – “A Terra de Penafiel na Idade Média – estratégias de ocupação do território (875-1308)” – Cadernos do Museu, n.º 10. Museu Municipal de Penafiel, 2004;
CARDOSO, Augusto-Pedro Lopes, “A Honra de Barbosa. Subsídios para a sua História Institucional (séc. XII-1834)”, in Cadernos do Museu, n.º 10, pp. 211-248. Penafiel: Museu Municipal, 2005.