Os Bailes ou Danças nas Festas do Corpo de Deus em Penafiel
Os Bailes do Corpo de Deus constituem hoje um forte elemento identitário das festas do Corpus Christi de Penafiel. Estas danças populares apresentam-se frente à Câmara Municipal na véspera do Corpo de Deus, durante a Cavalhada, e atuam também no próprio dia, animando vários pontos da cidade e desfilando depois na majestosa procissão.
Estes Bailes, ou invenções, como também eram designados, constituíam uma contribuição obrigatória dos vários ofícios para a celebração do Corpo de Deus, cuja participação estava bem definida e decretada no Tombo das Festas do Corpo de Deus, documento de 1657. Vêm já referidas no documento seiscentista a Dança da Mourisca (representada pelos alfaiates, albardeiros e vendeiros), a Dança da Retorta (apresentada pelos sapateiros e tosadores), a Dança dos Moleiros (dada pelos moleiros do Cavalúm e do rio Sousa), a Dança das Espadas (pelos ferreiros e serralheiros), entre outras.
Em 1705 dá-se a reforma dos capítulos da festa, documentados em novo Tombo, criando-se então novas danças e obrigações para a concretização da festa solene. No entanto, por determinação régia de 1724, as danças foram banidas das procissões, não podendo mais os grupos atuar durante o cortejo religioso, passando integrar passivamente o desfile. Ao longo da segunda metade do séc. XX a maior parte destes Bailes deixaram de se realizar, à exceção do Baile dos Ferreiros que sempre se manteve ativo, tendo o Município de Penafiel conseguido recuperar entre 2008 e 2011 outros cinco Bailes.
Com recurso à documentação histórica existente e o apoio de várias associações locais, recuperaram-se danças, trajes, cantares e as suas representações, devolvendo à cidade este singular património imaterial, que encontra nos Bailes a sua máxima expressão. Destaca-se o Baile dos Ferreiros, formado por um grupo de homens que dançam uma rápida e complexa dança de espadas. Os Pedreiros executam a rábula de uma desavença profissional entre o mestre e os seus oficiais. Com o Baile dos Turcos surge um verdadeiro auto, que narra o combate entre cristãos e mouros. O Baile das Floreiras é essencialmente feminino, com mulheres dançando e respondendo ao mestre que as dirige. Já o Baile dos Pretos afasta-se da tradição das danças de ofício e representa a história de um grupo de escravos negros alforriados, que apresentam uma vistosa dança de fitas, tal como o Baile dos Pauzinhos, mais recente, que procura o divertimento, a beleza e animação da festa.