Galerias Ripícolas
Os rios e as suas bacias hidrográficas são “o elemento linear visível que reflete os processos, naturais e antrópicos que se passam na área da sua influência de escoamento, na qual os usos humanos não têm em conta, muitas vezes, os limites.”[1] Deverão ser encarados como a “espinha dorsal” do território onde se encontram que é bastante complexa e que o Homem tende a simplificar, “reduzindo a diversidade dos sistemas naturais que dele dependem e, concomitantemente, a sua riqueza intrínseca bem como a variedade estética que lhes está associada.”[2]
Os rios e as suas bacias hidrográficas estão em declínio e cada vez mais degradados, maioritariamente pela intervenção antropogénica nas linhas de água. Como tal, têm sido criadas leis de proteção para estes locais, dado serem “hotspots” de biodiversidade, investindo-se grandemente na restauração destes ecossistemas através de técnicas de engenharia natural ou outras.
Ao longo das linhas de água, e fazendo parte indissociável das mesmas, surgem as galerias ripícolas – formação linear de espécies lenhosas arbóreas associadas às margens de um curso de água, podendo coexistir com espécies lenhosas arbustivas.[3] A presença destas espécies vegetais é fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos, contribuindo para a presença de fauna aquática diversificada. “As comunidades vegetais das ribeiras e dos rios, retardam a velocidade da água nas enchentes, protegendo da erosão os terrenos adjacentes, conferindo-lhes maior estabilidade. Por outro lado, a vegetação ripícola, possibilita o depósito dos elementos finos que a água transporta, contribuindo para o incremento da fertilidade dos solos.”[4] É ainda através dele que se consegue um efeito de filtragem que é fundamental para manter a qualidade da água. “Ao pensarmos na vegetação marginal podemos relacioná-la com alguns dos seus aspetos mais fundamentais e que contribuem para o equilíbrio fluvial: manter segura as margens dos cursos de água dominando o seu leito; favorecer a sua riqueza piscícola e manter o equilíbrio ecológico das suas águas.”[5]
A vegetação ripícola autóctone da nossa zona inclui: [6]
Amieiro (Alnus glutinosa)
Árvore de folha caduca com capacidade de viver dentro de água e assegurar respiração radicular. Atualmente as populações de amieiro encontram-se em declínio devido à presença da doença do amieiro provocada pelo patogeno Phytophthora xalni.
Borrazeira (Salix atrocinera)
Arbusto ou pequena árvore de folha caduca presente nas margens ribeirinhas.
Choupo (Populus nigra)
Árvore de folha caduca, presente em matas ribeirinhas, com preferência por zonas de cheia.
Freixo (Fraxinus angustifolia)
Árvore de folha caduca, presente nas margens dos cursos de água.
Lodão-bastardo (Celtis australis)
Árvore de folha caduca presente junto às linhas de água.
Salgueiro Branco (Sambucus nigra)
Arbusto ou pequena árvore caduca presente nas matas ribeirinhas. São muito apelativas a suas flores, com forte odor, e as suas bagas muito procuradas por insectos e aves.
Ulmeiro (Ulmus minor)
Árvore de folha caduca presente junto às linhas de água. Actualmente encontram-se afetados por uma doença fúngica conhecida por grafiose do ulmeiro – fungo Ophiostoma ulmi.
Ocorrem ainda algumas plantas invasoras. Para a sustentabilidade destes ecossistemas ripícolas serão de vital importância trabalhos continuados que conduzam à sua eliminação. Algumas das invasoras com maiores registos são:[7][8]
Canas (Arundo donax)
Nível de risco: 14
Tipos de controlo admissível: físico (arranque manual, corte e posterior remoção de rizomas e corte repetido)
Erva pinheirinha (Myriophyllum aquaticum)
Nível de risco: 25
Tipos de controlo admissível: físico (remoção manual/mecânica, ensombramento)
Jacinto de água (Eichhornia crassipes)
Nível de risco: 30
Tipos de controlo admissível: físico (remoção manual/mecânica)
Além destas invasoras aquáticas, surgem ainda outras invasoras nas margens que importa listar: [9][10]
Mimosa (Acacia dealbata)
Nível de risco: 31
Tipos de controlo admissível: físico (arranque manual e descasque)
Australia (Acacia melanoxylon)
Nível de risco: 28
Tipos de controlo admissível: físico (arranque manual e descasque)
Erva da fortuna (Tradescantia fluminensis)
Nível de risco: 18
Tipos de controlo admissível: físico (arranque manual)
[1] SARAIVA, Maria Graça Amaral Neto. 1999 – O Rio Como Paisagem – Gestão de corredores fluviais no quadro do ordenamento do território. Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e Tecnologia. ISBN 972-31-0831-5
[2] idem
[3] Despacho normativo n.º 15-B/2016
[4] Folha Viva – Jornal dos Clubes da Floresta do Projecto Prosepe • Floresta conVida. Número 29 • Ano VII • Outubro/Dezembro 2004. (https://www.uc.pt/)
[5] idem
[6] Todas as imagens referentes a vegetação autóctone são do Jardim Botânico da UTAD (https://jb.utad.pt/)
[7] Todas as imagens referentes a plantas invasoras são do Jardim Botânico da UTAD (https://jb.utad.pt/)
[8] O nível de risco apresentado (valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português), bem como as metodologias de controlo admissíveis, explanadas neste quadro são provenientes do portal invasoras.pt (https://invasoras.pt/)
[9] O nível de risco apresentado (valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português), bem como as metodologias de controlo admissíveis, explanadas neste quadro são provenientes do portal invasoras.pt (https://invasoras.pt/)
[10] Todas as imagens referentes a plantas invasoras nas margens são do Jardim Botânico da UTAD (https://jb.utad.pt/)